
Relato de ex-alunas enriquece memória do lançamento da pedra fundamental do Santuário de Schoenstatt em Londrina (PR)
O ritmo celebrativo para a comemoração do Jubileu de 75 anos do lançamento da pedra fundamental para a construção do Santuário de Schoenstatt Tabor da Esmagadora da Serpente, em Londrina (PR), já enche de alegria os corações de todas as famílias da comunidade Schoenstatt. Afinal, foi um grande marco à história da Aliança de Amor na cidade e interior do Paraná. À época, o importante evento para a construção da capela dedicada à veneração da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável teve uma participação mais que ilustre, a do Pai fundador da obra de Schoenstatt, Padre Josef Kentenich.
E neste clima de espiritualidade e alegria, a história do Santuário da Mãe Rainha ganhou uma importante lembrança que, no início deste 2024, foi trazida por duas ex-alunas Karimi Abdalla Preuss, 90 anos, e Haydee Abdalla, 88 anos, à época alunas do primeiro ano do ginásio no Colégio Mãe de Deus. Elas não só presenciaram a visita a Londrina do Pai fundador da obra de Schoenstatt, Padre Josef Kentenich, como tiveram participação ativa na solenidade de lançamento da pedra fundamental. Dotada para as artes plásticas, Karimi iniciava seus traços com a pintura e, por sua caligrafia desenhada, foi escolhida pela Irmã Maria Judite Lauer para escrever o pergaminho da pedra fundamental. O documento foi assinado pelos presentes e colocado na pedra fundamental do Santuário, que foi abençoada pelo padre no dia 25 de Abril de 1948.
Essa importante lembrança foi trazida até a Irmã Jacinta Donati, assessora da obra de Schoenstatt em Londrina, pela filha de Karimi, a psicanalista Ana Maria Preuss Leonarde, que mora na cidade. Segundo ela, a turma na qual estudavam a mãe e a tia era supervisionada pela Irmã Maria Judite. “A Irmã Maria Judite nos orientava em todos os aspectos das nossas vidas, desde os religiosos, educacionais e sociais. Ela era uma mulher muito culta, falava alemão e foi a tradutora do Padre Kentenich”, contaram as duas irmãs. Infelizmente, pouco tempo depois dessa conversa, no mês de junho, Haydee faleceu.
As lembranças relatadas por elas são de que o Padre, um alemão já idoso, nos dias em que permaneceu na cidade visitou todas as turmas do Colégio Mãe de Deus, na época uma escola exclusiva para meninas. “Na nossa turma, padre Kentenich contou que o período da Segunda Guerra foi muito difícil e, como muitos, ele foi perseguido e detido por quatro semanas em um bunker – um espaço escuro, sem ventilação. Durante esse período, o padre ocupava seu tempo cantando e orando, assim, conseguiu superar a pouca alimentação e a forma desumana como era tratado. Apesar de ter permanecido nessas condições, quando foi retirado do confinamento ele disse que sua saúde estava melhor do que antes”, relembraram as duas para Ana Maria.
Karimi e Haydee ouviram padre Kentenich revelar que durante a 1ª Guerra Mundial, ele tinha dois discípulos muito fiéis, que foram servir o exército alemão como combatentes, José Engling e João Wormer. “Conforme nos lembramos dessa história, Engling tinha um defeito físico na coluna; ele desapareceu nas trincheiras e seu corpo nunca foi encontrado. João Wormer também morreu na guerra e os dois se tornaram heróis de Schoenstatt.”
Nesse importante capítulo da história de Schoenstatt, Karimi não esconde o orgulho de ter sido a escolhida para essa missão que segue firme em Londrina e todo o Norte do Paraná. O pergaminho escrito por Karimi está guardado junto à pedra fundamental, sobre a qual foi erguido o Santuário de Schoenstatt Tabor da Esmagadora da Serpente, o segundo santuário levantado no Brasil.
Pouco tempo depois, a família de Karime e Haydee se mudou para Curitiba, para que elas e os irmãos pudessem continuar os estudos. Karimi se formou em Belas Artes pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Participou de muitas exposições no Brasil e outros países, tendo suas obras integradas a coleções particulares no Brasil, Argentina, França, Suécia e Portugal. O público de Londrina e região terá o privilégio de conhecer o trabalho da artista Karimi Abdalla Preuss, em uma exposição no Sesc Londrina Cadeião (R. Sergipe, 52 – Centro). A mostra, organizada por sua filha Ana Maria Preuss Leonarde, abre no dia 15 de outubro, às 19 horas, e segue até o final do mês novembro.
Já Haydee se formou em medicina também na UFPR, onde atuou depois como professora de Neuropediatria. Na conversa com a sobrinha, ela lembrou com muito carinho da irmã Maria Judite, com quem trocou muitas cartas, “até a irmã não conseguir responder mais” – a religiosa faleceu em maio de 2009. Essa ligação afetiva entre a aluna e a mestra é citada na biografia da Irmã, especialmente por uma carta que recebeu de Haydee, pouco antes do Natal de 2008, na qual a ex-aluna do Ginásio Mãe de Deus se referia ao ideal do grupo e contava como encontrou forças na sua Aliança de Amor para superar as dificuldades da vida.