Casa de todos, o Santuário Tabor da Esmagadora da Serpente chega ao 75º capítulo de sua história com relatos de esforço, sacrifícios e muito amor

Celia Guerra – Prestes a completar 75 anos de presença e distribuição de graças, a ser celebrado no dia 18 de maio próximo, o Santuário Tabor da Esmagadora da Serpente, em Londrina, norte do Paraná, vem escrevendo sua história com belos relatos de esforço, sacrifícios, comprometimento e muito amor. Graças aos escritos da Irmã M. Judite Lauer, registrados no livro “Raios do Tabor” sobre a comunidade das Irmãs de Maria de Schoenstatt no Brasil, podemos ter acesso a essa parte da história.

Conforme o documento, desde a construção e inauguração do Colégio Mãe de Deus, em 1938, nasciam os “planos silenciosos” de erguer no mesmo pátio também uma Capelinha dedicada à Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt (MTA), Título da Imagem de Graças do Santuário e coração do Movimento Apostólico de Schoenstatt, ao qual pertenciam as religiosas que iniciavam seus trabalhos educacionais, sociais e pastorais na jovem cidade.

O objetivo ia além de um oferecer mais um espaço de oração aos moradores locais, mas que a grande Mãe e Educadora pudesse, ela mesma, educar as crianças matriculadas no Colégio e tomasse frente na resolução das tarefas enfrentadas pelas irmãs em sua missão no Brasil. Os planos foram aos poucos sendo assumidos pelas crianças com pequenas ofertas, sacrifícios e renúncias depositados em moedas no cofre para a Capelinha, contagiando ainda suas famílias e a crescente população de Londrina, revelam os registros da Irmã M. Judite, falecida em maio de 2009.

Após 10 anos das contribuições, em 1948, o Colégio instalava mais um período educacional, o ginásio. Com mais alunas, a exigência de um prédio maior para o Colégio era anexada aos planos de edificação da Capelinha. Sem recursos para as obras e em busca de algum empréstimo que viabilizasse a construção do novo prédio, as irmãs decidiram priorizar a construção do Santuário à Mãe Rainha para que dele, em seu trono, ela zelasse pela construção do prédio do Colégio.

Poucos meses depois, o Fundador da Obra de Schoenstatt, Padre José Kentenich, em sua segunda visita a Londrina, veio abençoar a pedra fundamental da construção do Santuário.  A grande solenidade, realizada em 25 de abril, de 1948, teve a participação não só de alunos, mas de autoridades e famílias da cidade. Todo o ato foi registrado pela aluna Karimi Abdalla Preuss. Por sua caligrafia desenhada, foi escolhida pela Irmã M. Judite para escrever o pergaminho da pedra fundamental.

Para a construção da casa da Mãe e Rainha faltava apenas a licença da autoridade eclesiástica, na época, o bispo dom Geraldo de Proença Sigaud, da diocese de Jacarezinho (norte pioneiro), a quem pertencia a Igreja de Londrina. O tempo de espera, entretanto, não desanimou a comunidade, ao contrário, continuou-se a construção espiritual. O local da pedra fundamental passou a receber as ofertas ao capital de graças levadas pelas alunas do Colégio. Uma “Capelinha” com a imagem da Mãe Rainha foi feita de forma artesanal pelas jovens “candidatas” à vida consagrada, garantindo à MTA um lugarzinho improvisado. Foi nesse tempo que se iniciaram as romarias do dia 18 de cada mês.

No mês de outubro daquele ano, o heroísmo de José Engling se juntou à luta pelo santuário e sua foto ganhou lugar de honra em cada sala da aula, de onde, em oração, as alunas pediam sua intercessão junto à Mãe e Rainha para que o processo pudesse continuar (a concessão da autorização da diocese e um empréstimo que viabilizasse a obra). As romarias realizadas à noite, inicialmente com membros do Movimento de Schoenstatt, foram ganhando a adesão de mais famílias, que após a bênção solene do Santíssimo na Igreja Matriz (hoje a atual Catedral Metropolitana), desciam com velas acesas até o Colégio para visitar a “Capelinha”.

Em maio de 1949, ansiosas pela obra ainda sem licença nem recursos, as alunas do Colégio construíram espiritualmente também o novo prédio do ginásio. Na força da fé, em 18 de outubro chegou, enfim, a licença para a construção do Santuário, cuja obra teve início dois dias depois. Graças a um movimento espontâneo da comunidade londrinense, em 18 de dezembro pela primeira vez a romaria foi realizada na nova Capela.

Nos meses seguintes, foram chegando os demais mobiliários, o primeiro deles foi o altar, bem semelhante ao do Santuário Original. E a data da inauguração foi marcada, 18 de maio de 1950, dia da Ascenção de Nossa Senhora. E a festa aconteceu, com a presença do bispo dom Geraldo Sigaud, que veio de Jacarezinho para presidir a missa. Foi um dia glorioso, tudo muito bem preparado por todos os envolvidos e contou com a presença também de autoridades, demais padres da cidade, contou Irmã M. Judite em seus registros.

Em seu sermão, dom Geraldo destacou que Jesus, ao subir ao céu, nos deixou aqui uma fonte de graças: Maria. Ele comparou a Capelinha de Schoenstatt à fonte de Lourdes e citou ainda outros grandes Santuários marianos e locais de romaria que se espalhavam pelo mundo. “Aqui a Mãe de Deus quer mostrar-se como a Mãe Três Vezes Admirável, por isso, tudo é assim pequenininho, a fim de que nos sintamos mais perto, mais juntos à Mãe. Aqui, todos devem vir beber!”