(Foto: Marcia Kazumi)

 

 

“Uma renovação e saneamento da nossa sociedade só é possível quando as células básicas da sociedade são sadias e crescem fortemente, e isso são as famílias” (A fé do Dr. Fritz Kühr – Monumento dos Heróis junto ao Santuário da Esmagadora da Serpente em Londrina/PR)

 

Edson e Rosangela Pieralisi – 16 de julho de 1942. 2ª Guerra Mundial. Campo de Concentração de Dachau (Alemanha). Bloco 14, Compartimento 3. Ali, diante de Jesus Eucarístico e uma imagem da MTA, duas velas testemunhavam que o céu tocava a terra fazendo jorrar uma torrente de amor chamada Obra das Famílias de Schoenstatt. Nesse dia também surgiriam os Irmãos de Maria, nossos gêmeos de fundação.

 

Naquele momento, o Pe. José Kentenich não estava sozinho: tinha um amigo e um aliado – a Família Kühr (Fritz Kühr presencialmente e sua esposa Helene Kühr presente em seu coração). Unidos na mesma missão e no mesmo ideal, partilharam a vida e semearam sonhos de renovação do mundo e da sociedade através da família.

 

No coração do Pe. Kentenich, o Dr. Kühr encontrou-se com o Deus que tanto buscava… e Deus, que também buscava o Dr. Kühr, encontrou-se com ele no coração do Padre Kentenich.

 

16 de julho de 2021… quase 80 anos se passaram…

 

Ano de São José… Ano “Família Amoris Laetitia”… Jubileu dos 75 anos do Tabor… Acusações contra o Pe. José Kentenich…

 

Quantas lágrimas derramadas pela pandemia de Covid-19… Delegação do pensamento crítico ao algoritmo de plantão… Instagramização da vida … Selfiezação das carências… Quantidade de likes como medida do valor pessoal… Fake News atrás de Fake News… Discurso de ódio… Angústia, depressão, stress….

 

Passamos da mecanização da vida para a digitalização da vida, do relógio de pulso ao celular como extensão da mão… A noção de tempo e o espaço em mudança… Mas a pobreza e a fome, material e espiritual, o vazio, continuam…

 

E uma realidade que tanto dói: filhos que – apesar do bom exemplo dos pais e seus esforços na educação da fé – não buscam os sacramentos e a riqueza espiritual, estão distantes da Igreja, seguem outros caminhos, não comungam de certos valores cristãos…

 

O que Deus pode estar nos dizendo por meio dessas “vozes do tempo”, de modo que possamos enfrentar e vencer os desafios de hoje? O que a vida espera de nós? Como ser uma família alegre, confiante, com esperança em um mundo tão complicado e confuso?

 

16 de julho de 1942 é hoje! É aqui! É agora! É nossa família! É nossa casa!

E para isto, o primeiro que devemos ter presente são as palavras de Jesus que os prisioneiros de Dachau fizeram inscrever no Sacrário do Campo de Concentração: “Eu estou convosco todos os dias” (Ich bin bei euch alle Tage). Abandonar esta “Fonte de Água Viva” é se condenar à aridez da desumanização e desintegração em todas as esferas de nossa existência.

 

Depois, é preciso prestar atenção e tomar uma forte decisão no tocante ao vínculo paterno-filial. É tempo de descobrirmos a importância do pai como primeiro rosto de Deus, como caminho, expressão e garantia do amor misericordioso do Pai, uma causa segunda que nos faz sentir e saber o filho amado do Senhor.

 

No Jubileu de Ouro da Obra das Famílias, Dom Albano Cavallin (Arcebispo de Londrina/PR) mencionou que a Fundação, no dia 16 de julho de 1942 em Dachau, foi em um “Santuário feito de travesseiros”. Hoje temos a grande graça de nossos Santuários Lares: as contas do rosário de nossa Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt! É aqui que nossa Rainha empunha o cetro em tantas intenções! É aqui que Ela nos educa em homens e mulheres de santidade, personalidades firmes, livres, que vivem conscientemente o seu Batismo. É aqui que sempre de novo rezamos: “Ajuda-nos a bem educar nossos filhos, como a Senhora e São José educaram a Jesus, e que um dia possamos estar todos juntos no céu”. É aqui que pedimos as graças do Sacramento do Matrimônio e nossa fidelidade conjugal.

 

 

Rezar (implorar)… e também “cultivar” o amor conjugal. Helene Kühr em um dos seus poemas expressou que o seu amor matrimonial era “a mais bela aurora matinal”. A Família Kühr nos ensinou que embora distante fisicamente (ele prisioneiro em Dachau e ela em Rolândia/PR) eles estavam unidos um no outro, com o outro, para o outro, na chama do amor caritas que pulsa no Coração de Jesus.

 

Por fim, um grito de alerta aos papais e mamães: integrar a força da afetividade na educação é imprescindível. Já em 1912, o Pe. Kentenich nos ensinou quando falou aos jovens seminaristas: “Estou inteiramente à vossa disposição com tudo o que sou e tenho: com meus conhecimentos e capacidades e com minhas limitações; mas, sobretudo vos pertence o meu coração”. Que cada um dos nossos filhos possa vivenciar estas palavras em nós! Ao encontrar o Dr. Kühr em Londrina, no ano de 1949, o Pe. Kentenich muito alegre diz “Mein liebe Fritz” (meu querido Fritz) e o abraça. Assim, também, em cada encontro com nossos filhos (não importa a idade que possam ter) deve sair de nossos lábios e corações o nosso “meu querido filho/a”, a benção paternal/maternal, e o nosso abraço amoroso e aconchegante.

 

Nossa comunidade nasceu primeiro no coração de um pai: o Pe. José Kentenich. Em Dachau, a Família Kühr estava com ele. Em Milwaukee, as Famílias das “Segundas-Feiras ao Anoitecer” estavam com ele. Hoje nós estamos com ele, forjando história juntos, transfigurando a realidade, amando a Igreja. Sim, Pai, vamos contigo! Somos sua Família!

 

fonte: schoenstatt.org.br

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