(Foto: cathopic.com)

 

“Quanto mais eu amar Maria, tanto mais seguramente serei conduzido ao coração do Salvador” (Pe. José Kentenich, A Mais Bela das Mães)

 

Ana Paula Paiva – Hoje celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, uma devoção sempre muito antiga e forte dentro de nossa Igreja e que nos convida a olhar para o Coração do Salvador e reconhecer nele o grande amor de Deus por nós.

 

Quando Santa Margarida Maria de Alacoque viu Cristo lhe entregando seu Coração, o que será que também lhe mostrava? Justamente o seu infinito amor por nós, pobres pecadores, e a necessidade de o amarmos mais, de forma concreta e desinteressada. O coração, em todas as épocas e religiões, foi sempre representação e símbolo do amor, da entrega, do ápice do sentimento. É símbolo da vida e do sacrifício e, por isso, embora saibamos racionalmente que não nutrimos sentimentos emocionais e psicológicos dentro do coração (do órgão humano), que é nele que, simbolicamente, representamos nossos afetos.

 

Como surgiu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

A citada santa, que pertencia à Ordem da Visitação (França), recebeu as revelações sobre esta devoção entre os anos de 1673 e 1675, tornando-se sua defensora e dando a conhecer a todos os pedidos de Jesus naquelas ocasiões. Eis um dos seus fortes relatos:

 

“Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças… Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”.

 

Foi em 27 de dezembro de 1673 que Jesus mostrou à Santa Margarida seu Coração, seus dons de amor e as promessas para aqueles que guardassem essa devoção. Na imagem via-se o Coração de Cristo com uma chaga no lado (referindo-se à lança do soldado romano) e cercado por uma coroa de espinhos que representa as feridas infligidas pelo nosso pecado.

 

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, embora enfatizada a partir das revelações particulares de Santa Margarida Maria de Alacoque, não são recentes em nossa Igreja. Existe profunda vinculação dessa devoção às interpretações bíblicas da morte e ressurreição de Cristo (com seu coração transpassado por causa dos nossos pecados) e muitos papas dos primeiros séculos de nossa Igreja já recomendavam (muito antes das revelações) que o Coração Ardente de amor por nós, de Jesus Cristo Filho de Deus, fosse amado e adorado como causa de nossa salvação.

 

Todo católico é, portanto, convidado a se aproximar dessa espiritualidade, nutrir profundo amor à Cristo através de seu doce Coração e seguir também a trilha dos grandes santos (como Santo Afonso Maria de Ligório, por exemplo, que tem dezenas de meditações sobre o Sagrado Coração de Jesus), que desejam se aproximar cada vez mais de Jesus.

 

O Sagrado Coração no Santuário de Schoenstatt

Como vocês já sabem, em 1915 José Kentenich escreveu, em uma de suas correspondências, que a imagem do Sagrado Coração de Jesus havia sido entronizada no Santuário Original:

 

“Konder nos deu uma bela estátua do Sagrado Coração. Uma imagem bonita está sobre o pedestal e nós temos inscrito as palavras: Sagrado Coração de Jesus, abençoai e protegei seus amados congregados nas férias e nos campos de batalha no ano de 1914/15. Como filho de Maria, nosso Senhor é o primeiro e melhor soldado de nossa congregação. Além disso, cada sábado a Santa Missa será oferecida nas intenções dos nossos congregados e em todas as intenções que lhes são confiadas… Você se alegra com isso?”

 

Esse pequeno trecho nos traz uma reflexão muito bonita. O pedido de nosso Fundador para que o Coração de Jesus abençoe e proteja os amados congregados nas férias e nos campos de batalha. Não seria irrazoável estender essa meditação a todos nós e saber, conscientemente, que nosso Fundador nos quer abrigados no Sagrado Coração de Jesus em todos os momentos de nossa vida, seja nas férias e nas cotidianas tarefas, seja nas batalhas – não raras vezes duras – que todos nós enfrentamos ao longo de nossas vidas.

 

Amar o Sagrado Coração de Jesus é buscar unir-se, sempre mais, a Cristo. Adorar seu Coração físico (de carne, como o nosso – Jesus é verdadeiramente homem), mas também a divindade que nele incide (Verdadeiro Deus) e concretamente caminhar em busca da santidade. Como nos lembra o Fundador, a busca pela virtude necessariamente nos afasta do pecado . Não há como buscar mais intimidade com Deus de amor e bondade e manter-se na mesma posição em relação aos pecados e misérias. E o mesmo se passa com nossa relação com o Sagrado Coração de Deus, no qual esperamos e confiamos: as devoções (populares ou estimuladas pela Santa Igreja) são sempre canais de aproximação – e devem sempre nos fazer caminhar em busca da Verdade.

 

Que nossa querida Mãe e Rainha nos ensine como amar mais a Jesus e a reparar as ofensas cometidas contra seu Sagrado Coração, duramente esquecido e ultrajado em tantos locais. Que ao contemplar a vida de Cristo possamos pedir, com alegria e gratidão, que Jesus Manso e Humilde de Coração faça do nosso coração semelhante ao dele.

 

Fonte: schoenstatt.org.br

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