São José, Guardião de Cristo e de Maria

 

Pe. Vandemir J. Meister – Todos os dias 18 de cada mês, a grande Família de Schoenstatt se reúne presencial e espiritualmente para renovar a Aliança de Amor com Maria. Esta Aliança tem alguma projeção sobre São José? Talvez eu responda que: Tenho devoção a São José, mas minha Aliança é com Maria! Mas, se a Aliança é com Maria, por que eu fiz a Aliança? É obvio que a resposta é: “através da Mãe me aproximar mais do Filho”. Implicitamente está a resposta. Eu, me aproximando mais da Mãe, me aproximo também do Filho. O mesmo se dá na relação com São José; ao me aproximar mais da Mãe, também me aproximo de seu esposo São José.

 

Maria Santíssima não esteve isolada da realidade cotidiana. O mesmo aconteceu com Jesus Cristo. Jesus foi influenciado pelos aconteceres da época, foi influenciado pela ação de seus pais, José e Maria. Ao aproximar-me da realidade de um dos membros da Sagrada Família, me aproximo indiretamente de toda a Sagrada Família. Um está formado à imagem e semelhança do outro no plano natural. Aceder ao Filho é conhecer um pouco de seu pai e mãe. Aceder à Maria é penetrar mais no mistério da Família, co-formada pelo Filho e pelo pai, São José.

 

Cada vez que entramos em um Santuário de Schoenstatt, encontramos à direita, antes do presbitério, a imagem de São José. Ali está ele como guardião do Santúário. No Santuário Original a imagem de São José foi entronizada no ano de 1925. No dia 26 de abril de 1953 foi colocada a atual imagem, que representa São José como “protetor da Igreja”, estendendo seu manto sobre a Igreja e o Papa. Seu manto é um simbolo de segurança e proteção paternal. Assim como Maria proteje a seus filhos sob seu manto, São José também proteje amorosamente aos seus filhos sob o manto paternal.

 

 

Imagem do Santuário Original

 

José do silêncio?

Nossa devoção a São José, nosso carinho, nossa simpatia cresce quando olhamos para a Sagrada Família e descobrimos ali a presença silenciosa do pai da Família. Mas, quão silenciosa foi essa presença? Talvez essa imagem do silêncio de São José penetre em nossa alma e assim o tenhamos contemplado, como o homem do silêncio. Inclusive, até as sagradas escrituras o silenciam, contribuindo somente com algumas frases relacionadas ao pai de Jesus.

 

Hoje poderíamos dizer que esse silêncio de São José se quebrou. Estamos na época de São José, no tempo de José. Descobrimos que ele não foi somente um homem de silêncio na Sagrada Familia de Nazaré, mas um homem de preponderante protagonismo. Um homem que influenciou Igreja por muitos séculos e que, em pleno século XXI, segue mais que nunca atuante na Igreja por meio da fé de seus fiéis (depósito fidei).

 

Um homem, muitas facetas

Este santo, que está somente abaixo de Maria, em função de suas missões, como ensina a Igreja, está acima de todos os outros santos, inclusive dos patriarcas e dos coros dos anjos. Assim afirma o Papa Leão XXIII, dizendo que: “Teu pai espiritual (São José) é superior aos anjos”.

 

Este grande santo tem muitas facetas para serem descobertas. A raiz de sua grandiosidade está que ele foi pai de Jesus Cristo!

 

Quem foi São José?

Nesta curta reflexão vamos olhar a face dele como o Guardião de Jesus e de Maria.

 

O compromisso de José, ser guardião de Maria e, por fim, de Jesus, foi crescendo gradativamente. Primeiramente José confronta-se consigo mesmo, sobre a situação de Maria, grávida, esperando um filho que não é dele, biologicamente falando, e eles já comprometidos em casamento. O pensamento que lhe vem ao coração é acolhê-la ou abandoná-la. “José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo” (Mt 1,19).

 

Um pensamento que lhe deve ter trazido dias de reflexões e muitas noites de insônia. Maria, uma pessoa que ele amava, lhe apresenta um desafio que estava além do que ele esperava. Assumir Maria nesta nova realidade equivaleria assumir um compromisso maior, sua história de vida. E Maria não vinha com uma história de vida comum, ela apresentava-se a ele com a história da intervenção de Deus na sua vida. Não somente uma intervenção, mas Deus tinha pedido licença a ela para fazer-se presente na família.

 

O “fiat” de José a Maria era também dar seu sim ao projeto de encarnação de Deus entre os Homens. Se Maria sentiu-se a serva indigna, imaginemos agora a José em tal situação. Ele, um temente a Deus, que igualmente aos outros de sua época esperava a vinda do Messias. Dar o “sim” a Maria era dar um sim a esse grande projeto de Deus, esperado e ansiado por gerações e gerações. Seu “sim” já incluía uma missão muito clara: ser o guardião de Maria e do Messias. Ele estava sendo, nesse precioso momento, convidado para participar da vida do Messias através do seu comprometimento com uma mulher. Ela é Maria.

 

Deus também o fez sofrer pela missão de seu Filho. Foram dias e noites que se antecederam para ele compreender a grandiosidade da missão que também a ele competia naquele dado momento. Algo que estava além dos parâmetros de sua reflexão, ou da experiência que tinha de seus amigos maiores que também assumiam o matrimônio. Não seria somente ter uma esposa, preocupar-se com ela e posteriormente com os filhos. Aqui descortinava-se uma missão maior. Era Deus Altíssimo que também estava intervindo em sua vida e não somente na desta mulher que ele amava, chamada Maria. Deus também estava escolhendo-o para uma grande missão.

 

“Enquanto assim decidia, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho…” (Mt 1,20). Com o coração atribulado por uma decisão a ser tomada – pois também lhe vinha a possibilidade de abandonar Maria em silêncio, para não lhe ocasionar mal algum – José recebe a primeira Anunciação. Este momento é fundamental para olharmos para a história de São José. Ele ainda não deu a resposta, mas Deus está, por meio de seus anjos, prestes a convidá-lo para ser pai do Salvador, pai do Messias. Aqui começa a história deste homem que influenciou a vida de Jesus Cristo, influenciou a vida de Maria, influenciou e sempre influenciará a vida da Igreja.

 

“… José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20 ss).

 

Aqui o anjo revela a José a grandiosidade de receber Maria como sua esposa. Se confirma o que Maria, com antecipação, provavelmente lhe tinha dito: ela é a mãe do Salvador. O anjo confirma e lhe dá certeza para compendiar os elementos para sua decisão. Agora ele tinha claro que seu “sim” era para assumir a responsabilidade sobre Maria e sobre esta criança que estava sendo gerada em seu seio e que seria o Messias. Aqui ele assume a responsabilidade da paternidade adotiva. Ademais, recebe uma missão bem clara: dar nome ao filho. Esta atitude era de exclusividade do pai, na tradição hebraica. Ao fazer isso, o pai assumia a criança no seio da família. Nomear era aceitar dentro da família.

 

Nos versículos mais a frente vemos que José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu Maria como sua esposa.

Neste momento ele decide abrigar Maria junto de si, e também o filho Messias. A proteção e guarda dos dois se torna, a partir de agora, uma missão.

 

Ao acolhê-los em casa, José assume a responsabilidade de marido e pai. Acolher significa estar, a partir de agora, preocupado com a vida e todas as necessidades de Maria e seu filho. Isto é, lhes dar proteção de corpo e espírito.

 

A proteção do corpo equivale a ajudar a suprir as necessidades do corpo: alimentação, abrigo, proteção da violência, etc. A proteção do espírito significa o encaminhamento na formação e espiritualidade.

 

José agora “tem o encargo de prover ao inserimento «ordenado» do Filho de Deus no mundo”, comenta o Papa João Paulo II em Redemptoris Custus, n.8, e atender diligentemente à sua esposa para a grande missão que lhe foi confiada.

 

Pelas inúmeras virtudes que São José adquiriu em vida e na experiência de fé do povo de Deus, foi declarado pelo Papa Pio XI, em 8 de dezembro de 1870, como Patrono Universal da Igreja.

 

Fonte: schoenstatt.org.br

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