O fogo do amor que se eleva ao céu
Karen Bueno – Quem visita algum dos Santuários de Schoenstatt se depara, normalmente, com a Pira de Engling: um globo pousado sobre uma grande taça, de onde, em dias especiais, se erguem labaredas de fogo. Este símbolo representa José Engling, um jovem congregado do Movimento Apostólico de Schoenstatt que, na força da Aliança de Amor, ofereceu sua vida pelo Santuário e pela Obra.
José Engling foi o primeiro a compreender o significado e a importância do Capital de Graças e se empenhou muito por ele. Participou do início da Obra de Schoenstatt e logo foi convocado a lutar na Primeira Guerra Mundial, na qual oferecia todos os sacrifícios para o Capital de Graças. Ele é considerado pelo Fundador, Pe. José Kentenich, “o Documento de Fundação vivido”.
Este jovem heroi faleceu atingido por uma granada, no dia 4 de outubro de 1918. A primeira Pira construída foi colocada em Cambrai/França, local onde ele morreu.
Pira de José Engling e ofertas ao Capital de Graças
Na Pira são depositadas as representações simbólicas das ofertas ao Capital de Graças, daqueles que colaboram com a missão de Schoenstatt. Essas representações, ali queimadas, são papéis e símbolos conquistados ao longo do mês, depositados na ânfora do Santuário, que registram o esforço pessoal de cada um na luta pela santidade. As chamas elevam os sacrifícios e contribuições ao céu, como fogo de amor, e lembram a cada um a missão de “incendiar o mundo” com o ardor missionário.
Trata-se de um símbolo importante nos Santuários de Schoenstatt, pois recorda o heroísmo e a santidade que os schoenstattianos almejam e buscam. Apesar do modelo da Pira variar de um lugar a outro, em geral elas são sempre muito parecidas e suas partes trazem significados próprios:
O que significa cada parte
Taça: a grande taça, composta por três pontas, tem o formato de uma patena (a patena é aquela peça redonda e fina, que acompanha o cálice, na qual se deposita a Eucaristia durante a missa). Ela acolhe os sacrifícios oferecidos a Deus. Na Santa Missa, a patena leva não apenas o corpo de Cristo, mas também todos os méritos conquistados por Jesus, ele mesmo e sua entrega total pela humanidade, quando morreu na cruz. Na Pira de Engling, essa patena, em forma de triangulo, indica também a Santíssima Trindade, fonte e modelo de todo amor que se consome. Nossos sacrifícios têm valor quando os unimos ao amor do Deus Trino. Em Cristo, esses méritos, que são as contribuições pessoais de cada um e seus esforços de santificação por meio da autoeducação, se tornam penhor de salvação.
A taça sustenta o globo, indicando que o sacrifício de Jesus salvou o mundo. Também para nós é possível hoje colaborar na salvação da humanidade, por nossos esforços pessoais, que sobem ao céu unidos à oferta de Cristo.
Globo: mostra que “o mundo todo é nosso campo de batalhas”, como dizia José Engling, e que é preciso incendiar o mundo. O globo recorda que as ofertas pessoais ao Capital de Graças são parte do compromisso de cada um com o mundo todo. O Capital de Graças é oferecido pela salvação da humanidade e não apenas por interesse próprio.
Neste sentido, o globo presente na Pira de Engling, acentua a dimensão missionária da autoeducação: meus esforços pessoais se revertem em graças para a humanidade inteira.
Fogo: Os papeis e sinais concretos das ofertas ao Capital de Graças são consumidos pelo fogo na Pira. Este gesto quer representar a força do amor que incendeia e ilumina o mundo. Cristo diz: “Eu vim lançar fogo sobre a terra” (Lc 12, 49), é esse fogo de amor do Pai que deve ser ateado à humanidade. Cada sacrifício, oferecido a Deus pelas mãos de Maria, aquece o mundo. Assim, unido ao sacrifício de Cristo, é possível ajudar a incendiar e iluminar o mundo pelo amor.
Tripé: os três suportes que sustentam a taça formam a letra “M”, de Maria, de Mãe. Cada suporte representa um ponto de contato de Schoenstatt: o Santuário, o Fundador e a Mãe de Deus. Nosso empenho pela autoeducação e os sacrifícios que oferecemos são realizados pela sua intercessão, em Aliança de Amor com a Mãe de Deus. Ela nos sustenta na luta e nos mantém sempre abertos para acolher o amor divino e multiplicá-lo em boas obras, retornando assim ao céu, como dádivas sacrificais.
Fonte: schoenstatt.org.br