O que levar em conta nesta reta de preparação para as eleições?
Ana Paula Paiva – Estamos às vésperas de nossas eleições municipais e novamente queremos nos lembrar da importância de nossa atuação como leigos, responsáveis e cientes de nosso papel na construção de uma nova ordem social que passa, entre outras coisas, por nossa capacidade de votar e ser votado (elementos centrais de cidadania).
Ainda mais se levamos em consideração que todas as decisões de nossa vida comunitária ou particulares com reflexos comunitários, sejam elas morais, culturais, educacionais, institucionais, entre outras; se constituem – em última análise – em decisões políticas (permissivas ou proibitivas). Em outras palavras, todas as minhas decisões passam, em alguma instância, pela permissibilidade ou proibição estatal – que permitem graus, contudo. Há países mais ou menos permissivos, mas vejam só, também essa graduação é uma decisão política.
Conhecer e participar da política filosófica ou concreta e partidária é um dever, inafastável, portanto. Não é necessário, contudo, conhecer profundamente todos os elementos que perpassam a atuação política ou seus reflexos em todas as pequenas considerações (se essa não é sua vocação), mas a todos nós católicos, se exige – ao menos moralmente – que se tenha em consideração nossos ideais e critérios do que seja um bom candidato, por ocasião das eleições e do acompanhamento da vida política de nosso Estado. É importante conhecer para escolher bem.
Podemos elencar, de forma não exaustiva, os seguintes critérios para uma boa decisão: 1) Conhecer e concordar com a ideologia partidária do candidato, ou seja, qual sua filiação partidária, quais os ideais explicitados pelo partido político e quais as intenções institucionais que priorizam (informações facilmente encontráveis nos sites oficiais dos candidatos ou de seus partidos); 2) Conhecer o histórico político do candidato, ou seja, sua experiência em cargos públicos – como e porquê votou, quais projetos de lei iniciou e apoiou; bem como qual sua história de vida, sua formação, suas experiências profissionais, sua vida pregressa – e averiguar se há coerência entre suas palavras e sua atuação; 3) Conhecer e buscar candidatos que possuam ideais verdadeiramente católicos e condizentes com o que acreditamos.
Em nosso sistema político, que é federativo, os Municípios são searas de competências e importância fundamental. Fica claro que a atuação dos prefeitos e vereadores não é acessória e sim essencial em nosso dia a dia. É em nossa própria cidade que iniciamos o processo de construção de uma nova ordem social, católica e que expresse o Reinado social de Cristo, como nos lembra nosso Pai e Fundador. E é exatamente por isso, que votar (e ser votado) não é uma dimensão que deve ficar alheia à nossa vida ou caracterizada apenas por nossos sentimentos de descrença e desconfiança (que são compreensíveis, dado às circunstâncias políticas caóticas que experimentamos): somos convidados a fazer diferente e a votar diferente: conhecer os candidatos, participar dos debates, enviar perguntas às suas assessorias, influir no processo eleitoral.
Se nós não somos apenas mais um número (como nos lembra nosso Fundador na cruzada por uma vida orgânica e livre da massificação), tampouco são os candidatos – não se tratam apenas de um número que apertamos para nos livrar de uma obrigação eleitoral: nosso voto expressa o que acreditamos e o que sonhamos para nossa cidade e nosso país, o que trazemos em nosso coração e qual a expectativa que temos de realmente influir para a construção de uma nova ordem social.
Conhecer para escolher bem. Escolher bem para construir uma sociedade mais justa e coerente com nossos valores. Construir uma nova sociedade para fazer de nosso país um reinado de Cristo. Não é fácil ou simples, mas é uma demanda inafastável para aqueles que querem construir, verdadeiramente, uma concepção de Estado coerente e ideal.
Fonte: schoenstatt.org.br