Não é a primeira vez na história do movimento em que ficamos distantes de nossos santuários. Ocorreu com os primeiros congregantes que tiveram que deixar o santuário original para ir servir durante a Primeira Guerra, novamente com a Segunda Guerra, e com Pe. Kentenich durante seu exílio.

 

No Brasil, isso também não é novidade. Durante a década de 50, alguns santuários sofreram proibições.

 

Em 1954, na cidade de Londrina, foram proibidas quaisquer funções religiosas do santuário e retirado o santíssimo dele. No Santuário de Santa Maria, também em 1954, a partir de autoridades eclesiásticas, reuniões e literaturas schoenstatteanas foram proibidas. Em 1956, o santíssimo era novamente retirado de uma capela do movimento.

 

Assim, em alguns momentos de nossa história, a presença no santuário só acontecia espiritualmente, como ocorre durante esse tempo de pandemia. Mas, como é a relação, com nossa capela, de pessoas que mesmo antes da quarentena não tem facilidade em visitar a Mãe de Deus fisicamente no santuário?

 

Reunimos alguns testemunhos de pessoas que passam por essas dificuldades:

“Eu sempre expliquei para muitas pessoas que nós éramos o grupo do regional mais longe de um santuário (o mais próximo é o de Londrina – 200km aprox.). Porém, nunca tinha parado para refletir como eu lido com essa distância. No mesmo momento me veio a imagem de Engling. Assim como nosso Irmão Maior que na guerra ficou longe do santuário, eu no meu campo de batalha da vida fico longe também. Mas, mesmo na dificuldade, mesmo no sacrifício e mesmo errando algumas vezes, tento fazer do meu coração e da minha vida um Tabor das Glórias de Maria. E assim como, no meio da guerra, ele teve a oportunidade de visitar mais uma vez o santuário antes de ir à luta de novo, quando eu visito o Santuário é como um filho que volta a sua casa depois de muito tempo. E ali eu encontro o abrigo, transformação e sou enviado para voltar à luta. Por isso que essa distância por mais dolorida que seja, forja em mim a fidelidade e me faz entender a importância de ‘voltar pra casa.’”

 

Nicolas Engel – JUMAS Caiabu, Regional Paraná.

“Mesmo antes da pandemia, não era fácil ir até o santuário. De Gravataí à Porto Alegre leva em torno de 40 minutos de ônibus, do centro até o santuário quase 50 minutos. Como esse trajeto não é tão simples, às vezes não tenho condições de ir ao santuário. Por isso procuro sempre me aproximar da Mãe de casa ou onde estiverem. Meus pais selaram a aliança há mais ou menos 10 anos, então temos o santuário lar em casa, o que facilita o vínculo espíritual com o Santuário. Geralmente rezo a consagração à Maria e agradeço o dia que tive, e peço a intercessão dela para o próximo dia, rezo o terço com a família quando temos um tempo, e sempre colocamos uma rosa perto dela, como um agradecimento por ela estar em nossa casa.”

 João Pedro Jumas – JUMAS Gravataí, Regional SUL.

 

 

E por fim o testemunho de Pe. Alexandre Awi, padre de Schoenstatt, secretário do dicastério para os Leigos, a Família e a Vida em Roma:

Ontem, pela primeira vez, depois de três meses de confinamento aqui em Roma, eu pude ir ao santuário e cheguei a me emocionar ao entrar novamente nesse lugar.

 

É onde nosso coração está sempre e mesmo que não estejamos fisicamente, nunca deixamos de estar espiritualmente nesse lugar. Acho que justamente o desafio da pandemia é poder valorizar essa presença em espírito. Isso que a gente fala. Nos vincularmos espiritualmente ao santuário é algo que ganha muita força durante a pandemia. E por outro lado também, o santuário lar ganha uma força diferente.

 

A gente começa a perceber a importância de ter um Santuário dentro de casa. Aqueles do JUMAS que se preparam para fazer seu santuário lar, acho que percebem a importância disso e aqueles, que já tem o santuário, então, veem como é bom.

 

Eu durante todos esses meses, estive me vinculando a Mãe de Deus, no meu santuário lar. Isso tem um valor, lembre-se das palavras do pai fundador e sua importância: ‘o santuário lar tem as mesmas características do santuário original e do santuário filial’. Ali a gente leva nosso capital de graça, ali a Mãe se estabelece e distribui as graças do abrigo da transformação e do envio.

 

Realmente importante, talvez, nesse tempo de pandemia, redimensionar revalorizar a presença da mãe nos nossos santuários lares, nos nossos santuários quartos, na nossa família.

 

Revalorizar a família como igreja doméstica. Aquilo que a gente não pode fazer na igreja física. Muitas vezes não podemos ir ate lá, as missas estão reduzidas, em alguns lugares proibidas, então a gente pode fazer através dessa presença da igreja na nossa casa.

 

Deus que em cada família, em cada lar que pai e mãe amam seus filhos, ali se estabelece através, principalmente, do sacramento do matrimonio.

 

Então revalorizar essa presença de Deus nas nossas casas através de nossos pais, nos vínculos de irmãos, de filhos e assim também redescobrir a importância e a força do santuário lar.

 

Eu acho que vale a pena então essa reflexão nesse tempo de pandemia e espero que vocês possam aproveitar para sair dessa situação ainda mais fortalecidos, valorizando mais o santuário lar, mais as nossas famílias como igreja doméstica e sentindo saudade do santuário, porque uma coisa não substitui a outra.

 

O ir ao santuário filial é justamente levar toda nossa vida a esse lugar, é uma forma de revalorizar o santuário filial. Como a gente sente saudade de estar lá, da missa, da igreja, isso nos deve ajudar a descobrir o grande valor do santuário na nossa vida.

 

Que Deus vos abençoe. E aqui a distância envio meu abraço virtual e minha oração por cada um de vocês.

 

Padre Alexandre Awi, Roma

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