O primeiro amor deve permanecer vivo e nos impulsionar!

 

Pe. Heitor Morschel – Dando continuidade à temática dos cem anos do Congresso de Hoerde e suas implicações ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, gostaríamos de falar sobre o que aconteceu nesse encontro e o que nos motiva a seguir esses grandes ideais ainda hoje.

 

A missão pede o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo a todas as nações, em todos os espaços e tempos. Esse mandato foi dado por Cristo e pode ser entendido como permanente a todas as épocas. É um conceito que não existe em si mesmo, mas deve ser entendido em cada contexto, em cada época. E, em cada época, a missão tem suas próprias implicações e exigências! O Concílio Vaticano II nos diz que a missão “é a manifestação do plano divino e o seu cumprimento no mundo e em sua história”[1]. Em outras palavras, a missão é obra de Deus na nossa história. Disso decorre “que não é a Igreja que tem uma missão, mas é a missão de Cristo que cria uma Igreja para si”[2]. Assim, Deus utiliza-se de pessoas, acontecimentos e fatos para que a humanidade alcance a salvação.

 

Voltar à fonte e recuperar o frescor original

Disso decorre que, nos dias de hoje, podemos falar que necessitamos de uma evangelização ad intra, ou seja, de uma evangelização ou nova-evangelização para aqueles que já perderam o entusiasmo do “primeiro amor”, de uma vida aberta aos planos de Deus. Também uma evangelização ad extra, ou seja, o anúncio da vida e obra de Nosso Senhor Jesus Cristo àqueles que ainda não conhecem a fé cristã. Temos aqui uma tarefa muito grande! O Papa Francisco nos diz que “sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos e outras formas de expressão para o mundo atual”[3].

 

Sem conhecer estas palavras do Papa Francisco, já no século passado, foi o que aconteceu em Schoenstatt, adquirindo um colorido especial ao Movimento Apostólico de Schoenstatt. A experiência vivida pelos internos do Seminário Palotino, por meio da Congregação Mariana e a sua consagração à MTA, em 18 de outubro de 1914, transformaria a vida de muitos jovens e adultos até os dias de hoje. Decisivo foi o testemunho desses mesmos jovens no decurso da Primeira Guerra Mundial. O seu exemplo e a proposta de santificação e transformação do mundo, pela fé e pela autoeducação, logo contagiou outros a seguirem o mesmo caminho.

 

Aos poucos, mais e mais jovens foram aderindo à proposta desses Congregados, originando a chamada “Congregação Mariana Externa ou Organização Externa”[4]. Após a guerra, havia o desejo desses jovens se reencontrarem e, ao mesmo tempo, discutirem sobre o futuro da Congregação Mariana. Em 20 de agosto de 1919, em Hoerde, realiza-se um encontro dos Congregados de Schoenstatt – tanto dos que pertenciam aos Palotinos, como dos que entraram durante a guerra (Organização Externa). Esse encontro foi denominado “Congresso de Hoerde”.

 

Finalidade consistia na educação de apóstolos leigos

Fritz Ernest (um dos dirigentes) comentando sobre o Congresso de Hoerde e o futuro da Organização Externa nos diz: “Não pretendemos fundar uma congregação… Mas uma União que eduque caracteres dirigentes, seja fermento para as associações já existentes e se dedique, de preferência, ao apostolado”[5]. Esse Congresso deu origem à fundação da “União Apostólica de Schoenstatt, ou seja, foi à hora do nascimento do Movimento Apostólico de Schoenstatt fora dos muros do seminário”[6]. A sua finalidade consistia na educação de apóstolos leigos, formados segundo o espírito da Igreja.

 

A União Apostólica surgida com Hoerde, baseada na santidade da vida diária e na autoeducação, pretendia desenvolver nos jovens um grande propósito: a transformação religioso-moral do mundo. Os ideais comprovados da Congregação Mariana continuariam os mesmos. Todavia, seriam levados a ambientes diferentes, fora de Schoenstatt. A protetora da União é a Mãe Três Vezes Admirável. Para patrono especial, foi escolhido São Paulo, e o lema, baseado no mesmo apóstolo: “Caritas Christi Urget nos!” ( 2 Cor 5,14).

 

Pe. Heitor Morschel é da Arquidiocese de Porto Alegre/RS e pertence à União dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt

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[1] Concílio Vaticano II: Ad Gengtes n.9.

[2] Kasper, W. A Igreja católica. São Leopoldo: Unisinos, 2012, p.368.

[3] FRANCISCO. Evangelii Gaudium. Sobre o Anúncio do Evangelho no Mundo Atual. Brasília: NNBB, 2013, n.11.

[4] FERNANDES De A., Rafael. Hörde 1919. Grandezas e Limites de um Congresso. Comp.: Heinrich M. Hug., p 9.

[5] Importância do Congresso de Hoerde 1919 para o Movimento Apostólico de Schoenstatt. Atibaia: São Paulo, p. 17.

[6] Idem. P. 23.

 

fonte: schoenstatt.org.br

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