Era a manhã do dia 12 de abril de 1947. Fazia o sol forte do Sertão paranaense. A menina Araci e suas coleguinhas de classe aguardavam a chegada do Padre José Kentenich nas escadas do Colégio Mãe de Deus. Pouco antes, a menina havia colhido algumas rosas amarelas no jardim do Dr. Hugo Cabral, com a permissão do dono da casa. O visitante demorava a chegar. Não eram apenas as alunas uniformizadas e as irmãs do Colégio que sofriam com o calor; as flores começavam a murchar. De repente, ouviu-se o ronco de um motor. Araci conhecia aquele som: era o carro do Dr. Hugo. O automóvel estacionou na frente do Colégio e dentro dele saiu um homem de óculos, longas barbas e um sorriso que só pode ser definido como angelical. Imediatamente todas as pessoas esqueceram o calor. Quando o padre levantou a mão direita e saudou as crianças, Araci percebeu que até as rosas haviam desabrochado. O Padre Kentenich disse algumas palavras em alemão, traduzidas pela Irmã Norberta. Usou a mesma frase dita por Pedro no Monte Tabor, durante a transfiguração de Jesus: “É bom estarmos aqui!”
Ontem à noite, no Colégio Mãe de Deus, foi celebrada a missa comemorativa aos 70 anos da primeira visita do Padre Kentenich ao Brasil. O fundador da Obra de Schoenstatt, que dois anos antes havia sobrevivido ao campo de extermínio nazista em Dachau, começava a estender a mensagem da Mãe Três Vezes Admirável pelo mundo inteiro. Em Londrina, ele escolheu Tabor como ideal da missão brasileira de Schoenstatt. “A Mãe de Deus quer descer até nós. O mundo deve tornar-se mariano e por isso configurado à imagem do Cristo”, disse o padre logo na chegada à cidade.
Em meio à multidão que se dirigiu ao Santuário Mãe Esmagadora da Serpente, não encontrei D. Araci Tólio Stamm, a menina que colheu rosas amarelas naquela manhã, há 70 anos. Mas sei que ela estava presente em espírito e verdade. É bom estar aqui!