Pensar mecanicista: a doença mais perigosa que o coronavírus

30 de janeiro de 2020 às 5:10 PM

(Foto: Steve Buissinne, via pixabay.com)

 

Pensar mecanicista: a doença mais perigosa que o coronavírus

 

Karen Bueno / Ir. M. Diná Batista de Souza – Wuhan, cidade do centro da China onde o novo coronavírus foi detectado, e quase toda a província de Hubei estão isoladas do mundo desde quinta-feira passada (23 de janeiro de 2020), por ordem das autoridades, para tentar frear a epidemia. Quase 56 milhões de habitantes estão confinados. Até esta terça-feira (28), o coronavírus provocou 106 mortes na China e há mais de 4,5 mil pessoas infectadas. Os casos da doença também já se espalharam por outros países.

 

Assustador, não é? Chama a atenção pensar que um ser vivo tão pequeno, invisível ao olho nu, possa causar tanto dano. Com essa infecção, que tende a ser global, muitos partem em busca de um tratamento e de maneiras para prevenir a doença, como lavar as mãos, evitar lugares lotados, tomar vitaminas, etc.

Pe. Kentenich e os “bacilos da alma”

 

O Pe. José Kentenich, fundador de Schoenstatt, também conviveu com epidemias e doenças bem próximas dele, especialmente quando estava no campo de concentração. E ele se preocupava com isso? É provável que sim, especialmente porque muitas pessoas próximas e queridas sofriam com certas doenças, mas, além dos cuidados naturais, ele sempre confiava tudo à Mãe de Deus e aos cuidados da Divina Providência.

No entanto, ao longo da vida, o que mais assustava o Pe. Kentenich não era o grande número dos casos de tifo ou de tuberculose, mas sim um “vírus” discreto, uma “doença” preocupante que também atinge a nossa época. Estamos falando do “pensar mecanicista”, uma doença da alma que desfigura a personalidade e destrói a sociedade toda.

 

Pensar mecanicista: quais são os sintomas desta “doença”?

 

– Abuso da liberdade: Na aldeia global em que vivemos, onde tudo é permitido, é válido e merece ser considerado como a “minha norma” a “minha forma”, o ser humano se vê sufocado por uma atmosfera irreligiosa e acaba afogando ou reprimindo seu anseio de Deus. O abuso da liberdade é real na atualidade? Vejamos um exemplo concreto, quando o excesso de liberdade de um interfere na vida de outros: o álcool responde por 2,8 milhões de mortes anuais no mundo, diz um estudo publicado no periódico médico “The Lancet” [1].

 

– Perca da capacidade de manter relação interna entre o mundo do além e do aquém, isto é, entre o céu e a terra. “Toda a realidade sobrenatural foi perdida. O homem atual tem atrofiada a sua capacidade de captar e compreender a realidade do mais além” [2]. Com isso o homem perdeu o sentido para os acontecimentos da vida: ele busca vencer as dificuldades sozinho ou somente a partir de uma perspectiva natural. Vemos, por exemplo, que o número de suicídios aumentou em 7% nos últimos seis anos no Brasil [3].

 

– Incapacidade de grandes decisões sobrenaturais ou, diríamos, para dar o salto na fé e tomar decisões assumindo riscos. Segundo nosso Pai e Fundador, quando se fala demais sobre o assunto é porque na verdade há certa carência neste sentido. Fala-se demais em tomar atitudes, porém há muita falta de compromisso, principalmente de assumir um compromisso para a vida toda, seja para casar-se ou para se consagrar na vida virginal. Um exemplo? Conhece alguém que vai de igreja em igreja, não para em nenhuma, sempre buscando um ‘Deus’ mais adequado para si próprio? Só no Brasil, desde 2010, uma nova organização religiosa surge por hora [4].

 

– Sentimentalismo imaturo: O coração do homem moderno está atacado por esta mesma atrofia. O homem moderno é um montão de afetos. Onde há sentimento, não amadureceu o afeto pessoal. Os sentimentos não são profundos, não são permanentes, não são calorosos e mudam rapidamente. Isso é fácil de se observar no número de casamentos, que caiu 1,6%, e de divórcios, que aumentou 3,2% entre 2017 e 2018 [5].

 

O tratamento recomendado

 

 

A cura e transformação da nossa vida encontramos na forma e norma da vida de Cristo. E Maria é aquela que forma Cristo em nós e educa-nos para o amor.

*Curiosidade: o “Hino da Minha Terra” (Rumo ao Céu, 600) foi escrito pelo Pe. José Kentenich no terrível período da epidemia de tifo no campo de concentração de Dachau, no inverno de 1943, quando centenas de prisioneiros morriam e a insegurança existencial para muitos se tornava insuportável. Na festa da Candelária, em 2 de fevereiro, o Pe. Kentenich compôs as quatro primeiras estrofes, a sexta e o refrão. Ele as dedicou às Irmãs de Maria da Casa de Retiros, em Schoenstatt, cujo ideal era “Prado de Sol”. A quinta estrofe foi escrita mais tarde, em data, que não se pode precisar. O fundador salientou muitas vezes que este cântico luminoso surgiu na mais escura noite de Dachau.

 

 

Referências:

[1] https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/alcool-responde-por-28-milhoes-de-mortes-anuais-no-mundo-nao-ha-niveis-seguros-para-consumo-de-bebidas-diz-estudo-23006013

[2] Arquivo da Comunidade das Irmãs de Maria, 8.9.1950

[3] https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/09/10/na-contramao-da-tendencia-mundial-taxa-de-suicidio-aumenta-7percent-no-brasil-em-seis-anos.ghtml

[4] https://oglobo.globo.com/brasil/desde-2010-uma-nova-organizacao-religiosa-surge-por-hora-21114799

[5] https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/12/04/numero-de-casamentos-cai-16-e-divorcios-aumentam-32-entre-2017-e-2018.htm

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