20 de maio: A libertação de Dachau

20 de maio de 2019 às 12:02 PM


Anos mais tarde, o Pe. Kentenich retorna para visitar Dachau, junto com a Família de Schoenstatt

Caíram as algemas! Da terra sagrada de Schoenstatt se elevam todas as vozes, em jubiloso hino de gratidão (Rumo ao Céu 612)


Jaqueline Montoya – Schoenstatt contém muitas datas e momentos especiais, e o ‘20 de maio’ também é uma delas. Neste mesmo dia, em 1945, Pe. José Kentenich chegava ao Santuário Original após mais de três anos preso no campo de concentração de Dachau. “No inferno” de Dachau, Pe. Kentenich experimentou, junto a outros companheiros, toda a miséria humana e, mesmo assim, foi capaz de manter-se interiormente livre, a ponto de, mesmo em condições sub-humanas, manter sua fé inabalável e expandir o Movimento de Schoenstatt.


Pe. Kentenich chegou a Dachau em 13 de março de 1942 e foi liberto no dia 6 de abril de 1945, por volta das 9 horas. Saía como homem livre, íntegro, como ele mesmo expressa “Deus deu-me a liberdade interior em grau extraordinário, por isso saí do campo corporal e espiritualmente são” [1]. Dachau foi a confirmação do caráter divino da Obra de Schoenstatt e o retorno do fundador “são e salvo”, a resposta para muitas orações e sacrifícios ofertados pelos filhos de Schoenstatt pela liberdade do Pai.


Um novo início em Pentecostes

Mesmo tendo saído do campo dia 6 de abril, o caminho até Schoenstatt teve seus percalços. “Foram 14 dias de viagem, onde o Padre Kentenich se detinha, geralmente, nas casas paroquiais, onde era logo assediado por membros da Família de Schoenstatt. Todos queriam ouvi-lo e alegrar-se com ele, bendizendo ao Senhor pela proteção maravilhosa durante o tempo da prisão” [2]


Por conta da guerra o transporte estava dificultado. Pe. Kentenich chegou a comprar um coche com dois cavalos para acelerar sua ida a Schoenstatt. Para alegria de muitos, porém, Pe. Alexander Menningen conseguiu arranjar um carro, gasolina e o visto das autoridades policiais para ir buscá-lo. E assim, no dia da festa de Pentecostes, o Pai chega ao Santuário. Marcando um novo início da Obra.


“Com a volta do Pe. Kentenich, a Obra que havia se ocultado nas catacumbas, surgiu vigorosa à luz do dia. Os trabalhos foram reiniciados com mais ardor e convicção. Havia um mundo material e espiritual para reconstruir”[3]


Um dia de gratidão

Em sua primeira alocução, o Pai faz um retrospecto da gratidão pelos anos de provação passados. Suas palavras demonstram a fé inabalável e a confiança na misericórdia de Deus, mesmo depois de toda miséria e dor com a qual conviveu no campo de concentração.


“Propriamente, nada mais deveríamos fazer que ficar em silêncio, um ao lado do outro, e meditar na bondade, no amor e na misericórdia de Deus, ou melhor, no próprio Deus bondoso, amoroso e misericordioso. Conforme as palavras de Santo Agostinho: ‘Videbimus et amabimus, amabimus et laudabimus… in fine, sine fine’ (Veremos e amaremos, amaremos e louvaremos… no fim e sem fim)” [4]


Os frutos de Dachau


Pe. Kentenich deixa o campo de concentração e, para muitos, seria natural esperar que o Pai buscasse dias de repouso, descanso, um tempo para se refazer. Porém é exatamente o contrário que acontece. A volta do Pai mostra a convicção e a certeza da missão de Schoenstatt para o mundo, o que o impele a agir prontamente, iniciando um trabalho incessante.


Pe. Jonatahan Niehaus [5] resume em três pontos fundamentais os frutos da decisão do Pai de ir livremente ao Campo de Concentração (20 de janeiro de 1942) e este período de prisão:


1) A afirmação da profundidade espiritual de Schoenstatt e a convicção do fundador na sua origem sobrenatural, com a certeza consequente da vitória da Mãe Santíssima, através de Schoenstatt para Igreja;


2) A mudança subsequente de estratégia para se mover com muito mais energia dentro do foco público da Igreja e do cenário internacional;


3) A sua própria mudança de atitude [do Pai e Fundador] com vistas ao seu papel como pai da Família.


Um hino de gratidão

Neste 20 de maio, nos unimos com toda Família de Schoenstatt Internacional, para celebrar e agradecer. Em 2 de fevereiro de 1942, Pe. Kentenich compôs o “Hino de Gratidão”, já convicto de que voltaria são e salvo do campo de concentração. Desde esse dia, o Pai solicitou às Irmãs de Maria que rezassem esta oração diariamente, até sua volta. Quando em 20 de maio de 1945 isso aconteceu, tornou-se este hino o cântico da vitória.


Que possamos renovar nossa gratidão por este dia rezando:


Hino de Gratidão

Caíram as algemas! Da terra sagrada de Schoenstatt se elevem todas as vozes, em jubiloso hino de gratidão…

A desgraça que o poder e a astúcia de Satanás tramaram, o olhar do Pai transformou em nossa maior felicidade… Assim, hoje estamos estreitamente unidos, fundidos no amor de Deus… para que surjam homens novos, livres e fortes aqui na terra que, nas alegrias e dificuldades, procedam como Cristo… Podes enviar até os confins do mundo, os que hoje por ti se empenham, para completar teu Reino aqui na terra.

Maria, recebe esta oferenda em tuas mãos fiéis de Mãe, para que, até o fim da vida, não cesse este hino de gratidão. Amém.
(Rumo ao Céu, 612 a 625)


[1] Um profeta de Maria – Biografia do Pe. José Kentenich – Pe. Esteban J. Uriburu, pág 108

[2] Padre José Kentenich – Pai e Educador Carismático,  M.A. Barbosa, pág 105

[3] Padre José Kentenich – Pai e Educador Carismático,  M.A. Barbosa, pág 107

[4] Padre Kentenich – Uma vida pela Igreja, Engelbert Monnerjahn, pág 172

[5] O 31 de Maio – O Terceiro Marco, Pe. Jonathan Niehaus, pág 32


Fonte: schoenstatt.org.br.

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